04/10/2016

P O R T U G A L

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

P O R T U G A L
 
 
O que fazes tu de olhar consumido nas fímbrias do nevoeiro?
 
Não adormeças os teus sentidos, nem te demores na contemplação
 
das sombras delirantes e abstratas da esperança vã
 
feita irmã da ilusão.
 
De lá não hão-de voltar em tua salvação
 
os heroicos soldados sem nome e com as espadas em sangue.
 
Há um eco no teu peito, lamentoso e antigo, refém do teu destino
 
de glória ou de má sorte, a quebrar o silêncio
 
   sagrado das esplendorosas catedrais de vidro e de oiro.
 
Sob as finas rendas de pó, dignamente, deixa repousar
 
o mistério, o desaire e o brilho e prossegue o teu caminho.
 
O sol ainda aqui está
 
a semear campos de claridade no horizonte.
 
Nunca deixou de te moldar ondas de bravura e caravelas no rosto
 
e nem o vento parou de te apontar um caminho novo.
 
 
 
 Fernando Pedrosa
 
 
 
 
 
 
 
 

  
 











 
 

 
 

Fotografia de Fernando Pedrosa


Nota: as imagens foram captadas no Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Batalha - Leiria