16/06/2012

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Pensamos de Mais e Sentimos de Menos
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Queremos todos ajudar-nos uns aos outros. Os seres humanos
são assim. Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua
infelicidade. Não queremos odiar nem desprezar ninguém.
Neste mundo há lugar para toda a gente. E a boa terra é rica e
pode prover às necessidades de todos.
O caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviámo-nos do
caminho. A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no
mundo barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso
para a desgraça e a carnificina. Descobrimos a velocidade, mas
prendemo-nos demasiado a ela. A máquina que produz a
abundância empobreceu-nos. A nossa ciência tornou-nos
cínicos; a nossa inteligência, cruéis e impiedosos. Pensamos
de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de humanidade
que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência, temos
ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas
qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido.
O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes
inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos.
Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas
através do mundo, milhões de homens sem esperança, de
mulheres, de crianças, vítimas de um sistema que leva os homens
a torturar e a prender pessoas inocentes. Àqueles que podem
ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime
não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm
receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens
há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao
povo, o povo retomá-lo-à. Enquanto os homens morrerem, a
liberdade não perecerá.
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Charles Chaplin, in "Discurso final de «O Grande Ditador»"
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Fotografia: Fernando
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