30/11/2010

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És tu que acendes os balões do céu...
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e acordas os olhos das nuvens para a face dos dias...
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...e só tu para dizeres coisas bonitas assim!
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Acendo balões neste céu....
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Fts: Walter
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19/11/2010

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sob os céus de um pássaro-folha
sobrevoam obreiras incandescentes centelhas
polinizam flores de mil cores pardacentas
e são cinco os olhos com que observam atentas
influem laboriosas em heterotípicas sociedades
e organizam.se disciplinadas sobre as franjas das cidades
assim procede rumo ao fim o cetim das anciãs abelhas
e tão somente trabalham as fêmeas operárias
os machos voam livres sobre colmeias várias
fertilizam a rainha no mais alto voo nupcial
para sucumbirem à fome e ao frio que afinal
são os alvéolos dos homens tantas vezes de fel
pelo que consagro às abelhas este favo de mel
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um bzzz... que veio daqui
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fts: walter
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07/11/2010

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Não te Arruínes, Alma, Enriquece
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Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da própria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?
Para quê tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
Herdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?
Não te arruínes, alma, enriquece:
vende as horas de escória e desperdício
e compra a eternidade que mereces,
sem piedade do servo ao teu serviço.
Devora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá.
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William Shakespeare, in "Sonetos"
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fts: Walter
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02/11/2010

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Há em Toda a Beleza uma Amargura
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Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que é latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem na olhar obscura
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Não fica igual aos vivos no que dura
e a não pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura
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Ficando como Helena à luz do ocaso
a língua dos dois reinos não lhe é azo
senão de apartar tranças ofuscante
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Mas à tua beleza não foi dado
qual morte a abrir teu juvenil estado
crescer e nomear-se em cada instante?
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Walter Benjamin, in "Sonetos"
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Tradução de Vasco Graça Moura
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fts: walter
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