05/03/2010

poema inclinado

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quero
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um poema ondulado
vertiginosamente inclinado
bordado de mar sol e lua
que seja chão
tapete de afagos
cama onde me deite
um poema que me sustente
em verticalidade permanente
no horizonte para onde vou
um poema ondulado de beijos
em noite quente que me assombre
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quero
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as lágrimas caídas
travadas por dedos alheios
em dia de sol que se acinzente
um canteiro de rosas
desabrochando no peito
um coração rubro de alegria
dançando as horas do dia
e a alma prosseguindo no tempo
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quero
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na vertigem da subida
num risco não ausente
a vida toda num segundo
na inclinação do poema
um escudo que me proteja
duas mãos em forma de concha
no beiral do poema
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Walter
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fotos: Walter
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