30/09/2009

ALCOGULHE - Paisagens da minha infância.... (Portugal)

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Aldeia de Alcogulhe
Nesta pacata localidade, a 7 klms. da cidade de Leiria, e pertencendo à freguesia de Azoia, vivi toda a minha infância e parte da juventude.
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Hoje, lhe presto singela homenagem através do registo de imagens que ficaram perpectuadas na minha memória, com a convicção plena, de um dia, aqui, ter sido uma criança feliz... são as paisagens da minha infância...
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A minha curiosidade sobre sua origem, infelizmente, até hoje, não foi totalmente satisfeita, apenas poderei suspeitar que terá origem árabe, pois o topónimo (Al)cogulhe, assim o denuncía, no entanto não passa de uma hipótese.
Curiosamente, semanas atrás, tentava pesquisar sobre seu único edifício religioso - a Capela de Santo António de Alcogulhe, mandada erigir por Jacome Leite no ano de 1785, quando me deparo com algo, que até então, desconhecia de todo, e que me remeteu para uma dúvida que sempre tivera na cabeça, e que se prende com o facto de sempre ter ouvido dizer aos velhos da aldeia, que outrora, Alcogulhe, já ter tido o estatuto de freguesia. Verdade ou mentira, não sei...contudo, a informação encontrada, pode eventualmente apontar para um explicação razoável: as invasões francesas, comandadas por Napoleão, à semelhança do que aconteceu um pouco por todo o país, aqui também deixaram as suas marcas de destruição e sofrimento nas populações. A igreja matriz da freguesia de Azoia, à qual Alcogulhe pertence, foi pilhada, vandalizada e convertida em estábulo. Após a fuga dos invasores, a igreja entrou em processo de reconstrução, e foi justamente nesse período, que a Capela de Alcogulhe, passou a realizar todos os casamentos da freguesia, ficando os báptismos a cargo da freguesia vizinha de Parceiros.
Perante estas evidências, naturalmente, uma acrescida importância foi dada à localidade de Alcogulhe e à Capela de Santo António pela partilha de cerimónias religiosas, até a igreja matriz de Azoia estar pronta para receber novamente os ofícios religiosos, o que aconteceu em 1822.
Talvez deste facto, tenha surgido essa ideia de «freguesia de Alcogulhe», e que a distância de 200 anos ajudou a adensar...
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Mas se de património edificado Alcogulhe pouco tem para ver, ganha-o em beleza natural, pelas vistas que daqui se alcançam: uma vastidão de vinhedos, pomares, matas e pinhais, desfilam até ao horizonte, onde se perfilam as serras d'aire e candeeiros aguareladas pelo azul da distância...
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... E era nesta paisagem, vestida de verde e azul, que eu (menino), deitava o meu olhar extasiado e me perdia... enfeitiçado pelo azul distante das serras, imaginando o que guardariam elas em suas entranhas, e perspectivando secretos e distantes mundos para além delas...
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Texto e fotos: Walter